segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Ecos
O corpo trêmulo evidencia
Que algo de errado ali havia
O sol já não brilhava mesmo sendo dia
As cores não eram tão vibrantes como as via

O tempo lhe prendia como uma corrente
Quando tentava seguir em frente
Pedaços caíam bem rente
Era uma chuva fluente
Um fardo que parecia ser pesado
Tornou-se pior ao olhar pro passado
Já não bastava estar todo machucado
Se trancou bem escondido com cadeado
Ode ao boiadeiro
Deitado no sofá fitando o nada
Suas mão trêmulas se erguem
Estava tremendo de frio
Coberto por uma manta de lã
Embora o dia esteja ensolarado

Olhos para cima,aceitou o meu cumprimento
Olhou para mim após um momento
Abaixou a cabeça novamente
Aos afagos de uma mão quente
Não sabia o que se passava,aparentemente
Não distinguia noite do dia
Queria porque queria sair às 3 da madrugada
Correndo para levá-lo à cama sob a luz que reluzia
Resolvi dizer que ele precisava de uma chuveirada
Foi assim que pude acompanhá-lo até seu estado terminal
No qual nada havia a se fazer a não ser esperar...
Bastou uma ligação:vieram aos prantos
Fiquei tão chocado que não chorei,mas sentia
E de tanto sentir sei que agora descansas em paz

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Decepções
Um sorriso que aos poucos desbota
Uma lembrança um tanto quanto remota
Uma mistura de raiva e ternura
Que por dentro cria uma fissura
Deixando-o perdido e sem direção
Quem imaginaria até onde iria tal situação?

Ei,você!
Você não me vê...
Já chamei tanto sua atenção
Que só escuto minha voz
Nesses ecos de solidão...
Um desprezo visível
Uma tentativa sofrível
Um esforço levado adiante
Tentativa frustrante...
Foi embora...
E agora?

Levante-se dessa lama
Erga-se e esqueça-me  como todos o fizeram
É aquele buraco no peito
Que rasga de qualquer jeito
Mesmo em ti sem pensar
Não sabendo se vai voltar
Não deveria terminar assim

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Peso Morto
Não queria levantar da cama...
Mas o fez mesmo assim
Não queria comer...
Mas comeu mesmo assim

Não queria ir ao trabalho...
Mas cumpriu o expediente
Detestava o engarrafamento...
Mas não tinha escolha
Odiava chegar à noite e cansado...
Já se acostumara
Não queria ter que escrever esta carta...
A cadeira estava bamba
Não queria que esta corda
Estivesse tão apertada
Agora já é muito tarde para reclamar...

terça-feira, 26 de abril de 2016

Sem escolha
Pegue a esperança,esmague-a até que morra
Aperte bem,para que ela não se solte e corra
Não está mais sofrendo
Mas também não sente mais nada

Humilhe-se perante o desconhecido
Suplique pelo fim de seu bramido
O que o mantinha aquecido era sua fagulha
A qual agora o perfura feito agulha
Uma mão se estende em sua direção
E ele faz questão de recusar
"Por obséquio,peço que não se intrometa,
Deixe-me apoiar na mesma muleta"
E assim ele segue a sua jornada....
Esquecendo o que de bom havia vivido,afinal
Boas lembranças doem
Porque agora
São apenas lembranças