Desejos

Negligencio o passado
Em prol de um desejo idealizado
Um futuro já tão esperado
Desencadeando nesta terrível agonia
Tão ardente e fria

Eu quero mais que tudo
O que você mais rejeita
Ninguém está satisfeito,não é mesmo?

Não queria que fosse desse tanto,agridoce
A dor que escorre pelos olhos
Com este falso sorriso singelo
Tentando admirar o belo

As esmolas do dia-a-dia
Abrem feridas onde ali não havia
À espera de um salvador
Incita-lhe o ódio e rancor
Sufocando o amor que nunca provou

Gostaria de olhar no espelho e poder sorrir
Passar o dia sem ter que fingir
Que tudo bem está,quando na verdade
Desistir de tudo,em sua mente,é o que há

Gostaria de poder me despedir
Sem algum remorso ter que sentir
Tendo uma espécie de auto desdém
Provando o fardo de outrém

No final,torno-me um observador impotente
Descrente do mundo que me cerca
Afundando este lamento interno
Sendo mais frio que qualquer inverno

Sem esperança,tal lembrança morre
Deixando este eterno ponto de interrogação
Rente à sua loucura,cria-se uma desconexão
Avessa a si mesmo

Tolerância

Pode passar a mão,moço,ele não morde
Ele é de boa
Pode provocá-lo à vontade,ele não reage
Ele é de boa
Pode abusá-lo,ele não faz nada
Pode violentá-lo,ele nem liga mais

Porque ele é de boa
Pode arrancar-lhe o couro
Ele nem vai sentir dor
Pode açoitá-lo na carne viva
Ele não apela

Ele é de boa
Ele está morrendo,não o socorram
Afinal,ele é de boa
Já está morto,não o enterrem
Deixem-no apodrecer
Ele aguenta
Ele é de boa

Ganância carnívora

Você é só um meio para um fim
Meu instrumento de uso e abuso
Você estará lá para mim
Embora não te dou a mínima

Só serve pra isso mesmo
Até o dia em que precisar novamente
E depois te esquecerei
Porque você é muito indulgente
Por isso sempre voltará

Afinal,uma desculpa sempre há
Apenas o resto dos vários teus
E simplesmente concordará
Já sabia isso de antemão

Foda-se como vai se sentir
Não estou aqui para admitir
Apenas faça o seu trabalho
Sendo um completo paspalho

De me manter longe da ociosidade
Só estou lhe dizendo a verdade
Saiba que sou mais forte

Você sucumbe ao meu poder
Descarregarei minhas frustrações
Aos poucos,vou te corroer
Não preciso de explicar minhas razões

Se não fosse eu,estaria sozinho
Sendo devorado pelo mundo
Pense pelo lado positivo
Não faço isso sem motivo

Já não mais satisfaz
Precisa sempre de mais
E mais
E mais
E mais...

Insignificância

Às vezes parece que vai se afogar
Quando na verdade não há nada
Talvez em nada se afogue?

Porque nada eu fiz para ter algo em que me afogue
Talvez por não ter feito nada,
Nada sou para este mundo?

Quem sabe eu não faça nada para mudar isso
Afinal,tais esforços resultarão em nada
E nada disso irá mudar

Porque nada mais sinto
E mais nada posso fazer para isso mudar
Cá estou eu dizendo nada com nada

A fim de mostrar o meu nada
Tudo foi em vão
Até mesmo porque isso não passa de nada
E em algum futuro,em nada me tornarei

Sonhos,esperanças,sentimentos
E outras coisas  que nos tornam humanos
De nada adiantarão
A alguém que para nada serve

    Auto Carceragem

 Abriu os olhos
 Penumbra calma
 Um movimento lhe falhou
  Assustado ficou

 Uma visão do que lhe cerca
 Um peso no peito
 Nada aparenta responder

 Percepção se distorcendo
Algo está acontecendo
Tentativa frustrada
 De se conseguir uma virada

Querendo falar
 Tudo se movendo muito rápido
Fora de controle

Querendo gritar
 Quase desistindo
 Um aperto
Um peso nas pálpebras

 Um alívio no peito
 Não tem outro jeito
 Sem entender o que se passa
Se desespera,frustrando-se cada vez mais
 Por não poder fazer nada

Não tentava mais gritar
 Tampouco tinha vontade de lutar
Só queria que acabasse

 Sentiu se sufocando
Tornando-se cada vez mais fraco
 Incapaz de lutar

Acabou-se por render
 À desconhecida escuridão que lhe chamava
 Estava estranhando o fato de
O peito não estar mais lhe pesando
Não tinha noção nem consciência
Era um prisioneiro de si próprio 


           

Sessão dos rejeitados da escola:eis aqui a primeira edição,basicamente são textos rejeitados pelo profissional da educação que leciona redação na minha escola....
Gênero:narração(eu acho né...)

 Foi de propósito

      O ano era de 2010.Me lembro como se fosse ontem.Na época,eu tinha 16 anos,no 3º ano do ensino médio e já me preparava para o bendito vestibular.Já o meu irmão procurava freneticamente um emprego,
todos os dias era uma firma diferente e nada de resposta.
      -O mercado tá cada vez mais chato!Não acho emprego em lugar nenhum!-Reclama Custaff.
        Custaff é o meu irmão mais velho.Quando os nossos pais se separaram,ficou um pra cada:Custaff foi para o campo com meu pai e eu fiquei na cidade com minha mãe.Acho que não me apresentei:me chamo Dericksson.
     Meu sonho é me formar em engenharia mecatrônica pelo ITA,faço cerca de quarenta exercícios de cada matéria por dia.
     Já o meu irmão acredita que será agrônomo somente através da prática:
          -Custaff!Agronomia tem que estudar também cara!Tem até cálculo 1 e química!-Adverte Dericksson 
          -Nada sô!Trabaiano na roça é que eu vô sabê das coisa,ara!-Responde Custaff com o peito estufado
       Os dias se passaram,e o momento chegou.Fui tranquilo fazer o vestibular do ITA.Passei em segundo lugar.Quando olhei a lista de aprovados,fiquei espantado:meu irmão estava em primeiro.
     

Fulgor estagnado

Temo por sua vida
Tão amaldiçoada quanto a minha
Olhando para um horizonte vazio
Rezo por ti,meu anjo sombrio

Meu interior é apático e frio
Vítima da intempérie
De várias decepções em série
E toda esta lembrança
Me deixa sem esperança

Por um futuro tão vazio vou caminhando
Sem olhar para trás
O que me resta é o tempo
Me amaldiçoando por te deixar
Aos poucos vou me enfraquecendo

E sinto rompendo
O que me deixa vivendo
Venha me salvar
Antes da chama se apagar
E eu aqui não estar

Estou me sufocando
Já não mais suplicando
Agora que a luz está se apagando
Gradualmente levando
Qualquer vestígio de mim

Com a participação especial de Michelle Costa

inrrevelavel.tumblr.com